segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

sem título, sem ponto gravitacional.

porque meu mundo parece explodir de algo incontrolável ?



"Que é pra ver se você volta,

Que é pra ver se você vem,

Que é pra ver se você olha,

Pra mim..."



Eu espero flutuando de dor.

mas ainda, assim, estarei esperando.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Joaquim

Joaquim caminha com passos vagarosos sobre o muro. Seus pés já acostumados ao reboque. Às latas de lixo. Às poças d'água. Às luzes neon. Um pulo certeiro e, enfim, a grama aparada. Joaquim está preguiçosamente. Ele caminha e cai para o lado de repente, para quem olhou de longe parecia câmera lenta. As nuvens passaram em velocidade. Sumiram pelo planeta. O sol refletiu o corpo branco estatelado na grama. Um branco-neve contrastando com a grama rente e verdíssima. Joaquim parece um príncipe em seu mundo. Eu saio na janela e chamo, ele me olha desconfiado e deita a cabeça desdenhando. Eu chamo de novo, Joaquim levanta contrariado e chegando sem pressa. Perto da porta ele solta um miado olhando para mim, protestando contra a minha mesmice deselegante. Nós, não felinos.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Da Série Revival - XXIV

Dueto


dance comigo, seus sapatos.
minha carne, sua faca.
eu só menina, com desvios.
eu desvio, você horrores.
mantra bobo, só seus gritos.
meu sussurro, seu deleite.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Da Série Revival - XXIII

Dela




Hoje eu queria explicar para você o que eu sinto, só porque eu acho que você não sabe. Havia naquele dia um milhão de astros e eu apontei você. Sou uma criança de unhas pintadas de um pink engraçado olhando estrelas com os dedos apontados. Elas entopem o céu. E eu sei qual delas você é. Agora, minha luneta está míope e não pára de chover.Meu coração desafina e sua guitarra pop faz eco.No entanto, nos meus erros eu apontei você - uma supernova em eterna explosão.No jungle tocando e você dançando na beira do penhasco sangrento. Um brilho mais brilho.E eu só quero segurar a sua mão para você não cair. Entende ?

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Da Série - Revival - XXIII










cosmopolita



Andando pela rua encosto alguém que me passa uma doença social qualquer, um barulho de anjos assustados estora meus tímpanos. Os carros estão preguiçosos pelas ruas. Um amor de ontem esbarra na minha saia e eu sequer sinto arrepio. Arrepio foi naquele dia, mas foi inferno depois. Sentimentalismos, ora. Pensamentos equivocados. Olho para cima e os arranha-céus encostam nos meus pés. Vertigem. Uma dobra na esquina, uma livraria, uma loja de doces. Estou saindo com uma bala na boca e um lance de dados. Deslizando num asfalto quente e num balé de luzes. Estou tão espantada.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Da Série Revival - XXII

só esses dias são lindos no shopping



Enrola com cuidado um último pedaço de cheese-burguer em meia dúzia de guardanapos e atira dentro da mochila.
" para o gato"
Nunca entendi direito a espontaneidade de Seth...
talvez porque nunca terei uma igual.
Ele está com antenas de inseto caindo por cima dos olhos e com um sorriso na boca.
Diz três vezes que vai ler a noite inteira na frente do ventilador e dá uma olhada de lado para a escada que desce.
Seth não tem medo de dizer que outro menino é bonito.
Andando de escada rolante para outra escada rolante com essa cara de joaninha.
Droga, Seth, seja menos bonito! Não há corações tranquilos assim.




sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

eu não aguento mais...

Da Série - Revival : XXI

Diana





Um arco luminoso estoura no peito lançando uma flecha em linha opaca rente ao mar. O universo ensina para dar um passo de cada vez, mas a legítima defesa, pede agora, em sangue.
Longe, uma cabeça explode escarlate sujando o mar.
O tempo, incansável, faz balas de algas vermelhas serem vendidas por uma garota vestindo trapos brilhantes
.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Da Série- Revival - XX

Glamour e Queda






Essa menina com olhos de televisão...
Pisa numa poça d'água e arrebenta sua auto-estima.
Está à toa, não é ninguém e anda calada.
Seis e meia da manhã de um segunda-feira pastosa : Há dois dias não come, o chocolate derrete na sua mão e a vodka acabou.
Se ela piscar o mundo acaba, mas isso só ela entende.













quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Saloon Island

Lola sentada em cima da mesa. Nem todos bebem, mas todos olham Lola. Duas "damas" sentadas à mesa bem vestidas ou arrumadas, exalando certa credibilidade. Lola não. Lola bebe desajeitada, ri à toa e não olha para ninguém. Dois "cavalheiros" açoitam bancos e carregam na cintura poderosos pertences. Tudo para Lola. Lola, falando nela, começou a cantar e transformou o ambiente tão Fordiano numa ilha tão Homérica. O copo de absinto fez a viagem. Lola não. Lola só estava cantando e o espaço a volta soou mutante, por obra e lei da atmosfera que se cria com a presença de uma mulher ímpar.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Da Série - Revival XIX






você nunca me desejou



um beijo não dado
o mais sentido.
Um bebê foca morto à pauladas na tv.










segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Da Série Revival - XVIII

Visita



Um dia chego na sua porta com um ramo de flores espinhentas
e atiro meu amor na sua cara.
Verei fogo nos seus olhos...
mas vou embora com um sorriso no canto dos lábios vermelhos
com os dedos mergulhados em sangue
com o coração atravessado por seu sopro
e o tempo não me dando alento, nem novidade.

domingo, 30 de novembro de 2008

Da Série Revival - XVII








Piscina




Sair e olhar pela janela. Largue o meu pescoço, mas deixe marcas.O som da sua respiração, os dedos trêmulos e jóias Tiffany's. As roupas de Marie Antoinette boiando na piscina de líquido inflamável.Pérolas dentro de ostras. Flores esmigalhadas e formigas descendo pelas paredes. Entrar pela janela e chutar a porta por dentro, voltar a amar é despir-se dos visgos. Sub-amor queimando na lareira. Marshmellows. Lesmas. Luxúria visual. Dois corpos caídos no jardim.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Da Série - Revival : XVI







Intervalo




Um homem se afoga no degelo gaseificado de um refrigerante popular. Seus ossos derretem e o seu tênis de 300 dólares serve de bóia e status. A cena é pop, mas a pele explode em erupções felizes, como uma propaganda. Antes de afundar 150 milhões de internautas dizem já terem visto tudo isso antes.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Da Série : Revival - XV

tentativa fim de século




- Como foi isso ?
- Não sei... Ela estava lá caída, coberta de pequenos desenhos no corpo, desenhos muito detalhados, cortados mesmo... acho que era um pedaço de vidro.
- Desenhos?
- É. Desenhos.
- O que é que tem o vidro ?
- Ela fez os desenhos com o vidro.
- Com o vidro ?
- Ela se cortou com o vidro. Fez desenhos incríveis no corpo.
- Como é que você pode chamar isso de íncrivel.
- Porque era incrível... Os riscos estavam cobertos de sangue, um sangue fino, era uma forma de pedir ajuda... eu acho.
- ...
- E tinha uma coisa escrita na palma da mão.
- Hum?
- " Eu tentei várias vezes ".





sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Da Série - Revival - XIV





Máquina de Doces


No lugar onde você está tem uma máquina e alguns cremes. Você vai embora e leve seu coração gelado como um sorvete.Não amaldiçoe algumas das minhas perseguições, sou só um cão adestrado. Farejando incertezas. Culpa minha, deixei você derretendo na minha pele e ainda lambias os dedos.Agora, se eu te alcançasse, apertaria seu músculo e tudo irá vazar. Sangue e açúcar.A sua graciosidade tomando coca-cola vítima de olhares alheios. Fico perturbada.Saia fora, antes que eu conte para todo mundo que tudo isso é para mim.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Da Série : Revival - XIII

seis em seis horas


Agora só dói em mim você nunca ter acreditado. Seu coração amaldiçoado e descrente. Seu olhos estão furados e grudados em mim. Se você naquele dia tivesse lido este testemunho idiota e obsessivo eu teria tomado uma cartela de prozac com um copo de suco de laranja. Hoje não. Hoje eu só lamento e bebo café em litros. Comprimidos são para os loucos como eu. No entanto, nunca tomei um só. Não cuspa na minha cara lembranças que você não tem.
Eu fico acordada para maquinar o seu esquecimento.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Da Série : Revival XII

Plano de vôo


Cecília voando voando Cecília. Olhar para o teto é o seu grande prazer, ela sabe que está flutuando e sente o cheiro de luz na lâmpada lá no teto. Lá no alto. Flutuava pela parede, em cima dos armários, no vão das portas, nas dobras da cortina, seus passos desviando todos os quadros da parede...Cecília voando voando Cecília. O momento chave do dia, as unhas vermelhas, os olhos tão pretos e a alma tão pura, estranhamente pura.Cecília ouve o irmão ao lado e desce do teto. Ele sabe bem como tirá-la de lá. Maurício tem um revólver, um pacote bem branco e a alma de um doce ácido. Maurício tem apenas uma bala, ácida de doer. Maurício deixa o pacote transparente. E um revólver. Todo dia ele faz um barulho, coloca a bala, gira a roleta e assusta Cecília. Ela tem medo de nunca mais voltar a voar.

sábado, 15 de novembro de 2008

Da Série : Revival XI

Festinha


Seth vomitou algumas vezes e sente o estômago pulando, cheio de pipoca. Saiu da cápsula de simulação meio tonto, com ares de gênio de 21, mas um gênio com náuseas. Sartre de mochilas. menino existindo entre estrelas.Deixa o capacete escrito NASA em letras brilhantes na pia e joga um bom punhado de suco gástrico fora, com adornos de pipocas jumbo. Agora, ele levanta a cabeça e sorri, como sempre. A roupa pesada de astronauta deixa seus passos lentos e elegantes, ainda mais com esse sorriso de que nada aconteceu, sem gravidade. Abre a porta da cápsula e vê o Zorro, Ghandi e Cléopatra... esfrega a mão na barriga :" tinha me entupido de pipoca "E pisa na Terra pela primeira vez. Sorrindo.





quinta-feira, 13 de novembro de 2008

XY






M. mergulha a cabeça na banheira.
Alguns patos de bolacha champagne estão boiando no leite.
Ela levanta o pé, o líquido branco escorre pela perna.
M. esguicha pela boca feito um chafariz.
O importante é ninguém passar pela praça,
e Mariana não ser vista sem castidade.








terça-feira, 11 de novembro de 2008

Da Série : Revival - X

"Do amor e outros demônios"



Eu ando seguindo o mapa de sua sombra.
Procuro você para exalar uma ternura incansável.
A qual, eu sei, você trocará por outra mais corriqueira.
Porque é assim que você quer, normal.
Minha intensidade ultrapassa a naturalidade que sua vida pede,
a minha atinge níveis cicatrizantes,
e você quer sangrar até morrer...
Eu tenho o mapa e uma luz potente nas mãos.
Assim, enxergo você nas sombras vestindo meu coração.
Chego perto e ofereço minha ternura para você rasgar feito papel.

sábado, 8 de novembro de 2008

Da série - Revival - IX

Scarlet



São cinco pessoas de estirpe gloriosa, salto alto e diamantes.
Scotch, unhas pintadas de um vermelho-taciturno e a voz ficando rouca.
Um sorriso tão pensado e tão oblíquo que as levam a tal vida, sem reservas.
Glória parece uma santa gótica, cravada de pérolas, as pernas bem cruzadas, relaxadas de calmantes.
Outras duas se divertem esfregando os cílios em becos de seus corpos.
Uns vestidos todos negros e assinados, lançados no submundo à cartões de crédito. Chloe tem uma leve febre a troco de gargalhadas bêbadas, derruba um copo de cristal e suja o sofá cremoso.
Ninguém nem nota. Elas estão furtivamente.
Uma propaganda interfere em um possível happy end, Carolina até gostou e chuta os ratos que tentavam invadir a sala.
Nos sofás só cabem cinco.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

resignação




Não conheço nada mais volátil que a felicidade.

Não conheço nada mais bonito que o meu filme preferido.

Não conheço nada maior que o meu amor.





quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Billboard

Rita ouviu a mesma música a semana inteira, chupou algumas balas e tatuou um besouro no coração. Suas luvas bordadas não cabem mais, nem o seu único anel. Rita ouviu uma música, ouviu uma música, ouviu uma música. Sem todos os porquês, Rita se enforcou com os fios do I-pod.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Atomic Drink

Ele estava ali, os olhos esbugalhados, duas bolinhas de gude azul enfiadas na cabeça, com os seus braços apoiados no metal gelado, apoiando seu corpo que espera. "Meu Deus, como eu levo a sério as pessoas". Todo mundo atrasado. Um mundo inteiro a volta; cigarro, barulho e saias curtas. Ninguém que se leve a sério. Ninguém que se leva a sério. E ele lá, com bolinhas de gude, nesta orbe ensandecida, esperando...
...mas agora um átimo, uma coisa.
E foi, lisergia no olho. Bombardeio.
Ora, você ali, parada ali, tão blasé.
E a multidão. E o lugar. E a fumaça. E os copos batendo. E as meninas. E o metal gelado. E os olhos embaçados.
Você aí fazendo cegar. Arrancando bolinhas de gude que descem em catarata.
O olhar tão perdido.
Exala, querida, todo o meu amor.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Da Série : Revival VIII

Upstairs





Seth desceu as escadas correndo com a mochila esvoaçando feito asas. Não que eu só preste atenção a ele no meio de centenas de garotos todos anjos também, mas Seth é um serafim, da ala direita dos mais notáveis. Olhos de menina, os meus. E os dele.
Enquanto eu devaneio aqui, ele voou a minha volta e me puxa os braços por trás.

‘vamos contar histórias agridoces na cantina”

As histórias de doces só naquela sua boca cravada de tortas. O bolo que gira na sua língua que deixa as palavras cheirando baunilha.

Ele vai me dar seu top 3 hollywoodiano .

‘ você nunca comenta “

Number One : Winona Ryder roubando botas. –“ O charme do crime. “
Number Two : Angelina Jolie se corta enquanto faz sexo. –“ Não tem nada mais intenso do que garotas que se cortam.”
Number Three : Johnny Depp escolhendo filmes - “limite”

Filosofia e o ventilador esvoaçando seus caracóis. Seth não se incomoda, nada há de incomodar menino. Ele só precisa de açúcar e as botas de Winona. Angelina Jolie com esse olhar metralhadora e Seth só sorri para ela. Johnny Depp escolhendo um papel suficientemente cítrico feito limão, uma torta, uma locomotiva, um garoto.

Ele se despede debaixo dos meus silêncios cheios de som, acena qualquer coisa para outros anjos e abre suas asas.



quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Da série : Revival - VII

Sessão de cinema



Os meus demônios assistem enfileirados um filme meloso de amor.

Nem todo diabo é feio quanto parece, pois se estivessem em uma sala de cinema escura poderiam até parecer com anjos. Basta dissipar a neblina. E firmar os olhos.

E o seu nada, minha cara, é cheio de canduras que você exala . Trepidantes. Para outros.
Todos querem sua música, suas pintinhas e seu cadarço, porque somos todos ladrões...

Tudo tão traiçoeiro com você
Você não merece isso.

Se nada resolver, tem

minha mão, um pouco do meu braço sardento e um bando de demônios bonitos.




segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Nii

ador quando a água vermelhada scorre pelos seus pulsos.
pul swimming swing corpo a corpo na área.
adoro quando você cospe água vermeer na tela.
tel me, baby.
lambda prata você come.
com on, baby.
saia perto de mim, antes que eu faça.
niilis-mo-nós.
nada.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Número 1

Marco sendo um gênio. Todo consciente, tem uma função torpe por pura opção. Negação total da genialidade. Ser genial é uma burrice, é o que ele pensa. Eu sou bom em tudo, absolutamente o melhor em tudo. Enfadonho, de pijama o dia inteiro. "I'm doing nothing". Para quê ? A humanidade me olhando com olhos de inveja e desdém, todo segundo. Quantum. Na cara. Então, dou a ela, motivos para tanto julgamento. E trabalho fritando batatas fritas. Coisa que todo mundo gosta, batatas fritas.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Da Série Revival - VI

Lascívia





A atmosfera está criada : O lento suícidio do sexismo na androginia espontânea de todos dançando um electro com gosto Haagen-Daz. Feito um jeans, um all star, um laptop. Nota o charme ? Uma menina, um jeans, um all star, um laptop. E uns meninos vestidos de sereia que mergulham numa sopa de piranhas famintas. É noite.

sábado, 18 de outubro de 2008

Por uma vida inteira





Pelas minhas vontades o mundo seria quase silencioso,
como uma estaca batendo a cada trinta segundos
no oco de um galpão vazio.
Durante 29 segundos eu ouviria só a minha respiração.
Nenhum discurso inflamado, nenhuma ode a nenhum filósofo.
Só minha respiração.
Ninguém quer mais do que isso, é tudo o que se tem :
o som de uma estaca e sua respiração.
Por uma vida inteira.











sexta-feira, 17 de outubro de 2008

eu ando lendo mais q escrevo, pq eu n sou assim :

He Wishes for the Cloths of Heaven

Had I the heavens' embroidered cloths,

Enwrought with golden and silver light,

The blue and the dim and the dark cloths

Of night and light and the half-light,

I would spread the cloths under your feet:

But I, being poor, have only my dreams;

I have spread my dreams under your feet;

Tread softly because you tread on my dreams.

(W.B.Y)

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Como pode ser gostar de alguém
E esse tal alguém não ser seu
Fico desejando nós gastando o mar
Pôr-do-sol, postal, mais ninguém
Peço tanto a Deus
Para lhe esquecer
Mas só de pedir me lembro
Minha linda flor
Meu jasmim será
Meus melhores beijos serão seus
Sinto que você é ligado a mim
Sempre que estou indo, volto atrás
Estou entregue a ponto de estar sempre só
Esperando um sim ou nunca mais
É tanta graça lá fora passa
O tempo sem você
Mas pode sim
Ser sim amado e tudo acontecer
Sinto absoluto o dom de existir,
Não há solidão, nem pena
Nessa doação, milagres do amor
Sinto uma extensão divina
É tanta graça lá fora passa
O tempo sem você
Mas pode sim
Ser sim amado e tudo acontecer
Quero dançar com você
Dançar com você
Quero dançar com você
Dançar com você


(V.M.)


sábado, 11 de outubro de 2008

Da série - Revival - V

Verde

Caro Finn,
Tenho pouca tinta e menos paciência. Os olhos escuros, marejados e indecisos. Aqui, essas cicatrizes de pus e vergonha. No entanto, dou-me ao luxo burguês de escrever no estilo Mont Blanc uma carta cuspida e escancarada. Ouro escarrado e esculpido. Mas Finn... um fogo queima a pele, sinto cheiro de carne... Essa lâmpada acesa na cara e a tinta acabando. Finn, sem mais prolongas, sou assim : pus, tinta e um vermelho sou sua.

Look

"Pouco os deuses nos dão, e o pouco é falso. Porém, se o dão, falso que seja, a dádiva."
(F.P.)
Os olhos abertos. O creme está espalhado nos seus restos. Seus livros. Tão abertos. Empoeirados na esquina de nossa casa, nossa ex-casa. Minha. Caixas vazias. Vazias. Um creme. Seu cheiro. Sua pele. Nunca minha. Tão minha.
Olhe. Você deixou aqui meu coração. Lembra ? Alguém, algum dia, faria qualquer coisa por você? Qualquer coisa ?
mas é que...
Pouco seria suficiente, não é? É o pouco que você procura. Eu sei.
Olhei fundo nos meus olhos. Agora eu sei. Olhe, estou tranquila aqui no meio de suas coisas esquecidas. Um coração no chão, batendo aberto.
Sou como esta casa, vazia.

Freckles


"... e charlie brown espera por mais um ano o cartão de dia dos namorados da garotinha ruiva."



Acordei sem sardas.
499.918 sardas a menos.
Fora o pacotinho cheio delas que eu te dei...
...estranho pensar em mim sem chuviscos.
Sem você.

Da Série : Revival - IV

Claire

Claire desliza na beira da piscina, caderno, lápis e bíquini. Retrovisor e tv. Refrigerante na boca, boca. Claire cantarola. A câmera enquadra, meio, costas até joelho. Claire desliza. O toque dos pés no piso de pedra. Unhas pintadas de vermelho derretem no azul after azul. Claire suspira Coke e olha para trás. Rec.
eu estou me repetindo, mas... foda-se... ninguém lê isso aqui.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Fim

Você mordendo a cabeça do urso, nervosa feito um cão malvado. A caneta atravessando a linha, sobrepondo matemática. Não que eu tenha deixado você assim, com ares de psicopata. Eu não. Você quis ficar assim, logo você, doce como açucar. Mas, ok, enjoei. The happy end.

domingo, 5 de outubro de 2008

Da Série : Revival -III

Miopia ou Ele nem Liga

Seth tem acessos teóricos adoráveis. Atira pela janela alguns biscoitos e conta uma história de formigas dentro do seu computador. Eu acredito porque ele tem tanto medo de besouros como eu. Quem tem medo de inseto entende de inseto. Gente não entende de gente.

Passa pela minha cabeça comprar um açucareiro.

Eu olho para os joelhos dele por baixo da mesa e eles estão ralados. Ele põe a cabeça em baixo da mesa também e me sorri números cabalísticos.

Seth me contou sua teoria de que toda imagem de pessoas em fotografias são imagens de seus egos, por isso todo mundo aparece quatro quilos mais gordo. Eu acho essa teoria um escândalo e mexo nos meus óculos - tique nervoso. Eu não sei sorrir números cabalísticos.

Ele me perguntou se eu comia cola quando era pequena e eu disse que sim.

“ por isso você é maluca “

Seth não enxerga porque todo leitor ávido precisa de óculos. Ele não enxerga nadica de nada. Eu acho que sim, mas também acho que nem todo mundo que usa óculos é leitor ávido.
Acho também que biscoitos esmigalhados pelo teclado atraem formigas, o que torna um açucareiro muito útil, assim, como se fosse uma espécie de estratégia...
E nosso medo faz os besouros darem rasantes como aviões em guerra. Eu estou me protegendo nas trincheiras da biblioteca. A nossa hipermetropia nos reconhece.

mas gente nem liga.

sábado, 4 de outubro de 2008

rindo à toa

Sejam perfeitas, unhas bem feitas, macrobióticas, ruidas sem culpa, sem vermelho, sem teu olho roxo, desidratada, na rua, sem casaco, foca sem pele, ressecada, sem diamante, hemodiálise, roendo nervos, roendo os dedos, comendo ratos, espancando, sujando e rindo sem parar.rindo.rindo.rindo.rindo.rindo.rindo.rindo.rindo.rindo.rindo.rindo.rindo
" - Sabe em que eu estou tocando ?
- Seu coração ?
- Partido. "


(C.D.)

Da série : Revival - II

“ Nossos tempos se confundirão e ao cronologia se perderá
num orbe de símbolos. “

( Jorge Luís Borges )




Um dia encontrarei você em qualquer cidade e não direi uma única palavra. Uma alegoria de luzes fosforescentes sobre as nossas cabeças. E tudo estará dito.

Panapaná

O pulso amarrado com suas asas de borboleta. O sangue eclodindo em revoada. Pequena, debata-se na parede da artéria.
O chão está forrado de borboletas mortas, enquanto o sol esmaece, coagulado.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Da série : Revival - I

Penélope

Divague. O nome que te deram é tão característico de solidão. As linhas de fina lã que eu engulo para rastrear, lá dentro, alguma nesga de sentimento coerente. A agulha entalada na garganta, porque se engulo perco a meada do que está sendo bordado.
Cada sílaba dói.
Abro a boca porque não se espera por alguém sem respirar.



cabeza-ficción



Um espelho que dê para fixar na porta do banheiro, no qual eu possa me enxergar de corpo inteiro. Um espelho e um olho morto. Um pulo exagerado do décimo andar. Isso mesmo, se afastem enquanto há tempo.