quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Joaquim

Joaquim caminha com passos vagarosos sobre o muro. Seus pés já acostumados ao reboque. Às latas de lixo. Às poças d'água. Às luzes neon. Um pulo certeiro e, enfim, a grama aparada. Joaquim está preguiçosamente. Ele caminha e cai para o lado de repente, para quem olhou de longe parecia câmera lenta. As nuvens passaram em velocidade. Sumiram pelo planeta. O sol refletiu o corpo branco estatelado na grama. Um branco-neve contrastando com a grama rente e verdíssima. Joaquim parece um príncipe em seu mundo. Eu saio na janela e chamo, ele me olha desconfiado e deita a cabeça desdenhando. Eu chamo de novo, Joaquim levanta contrariado e chegando sem pressa. Perto da porta ele solta um miado olhando para mim, protestando contra a minha mesmice deselegante. Nós, não felinos.