quarta-feira, 30 de setembro de 2009

12. não, 13.

meia dúzia de marshmellows boiando felizes em cada xícara de chocolate quente. pelo menos estão com cara de felizes. umas fatias de bolo de banana fumegando e copos com guaraná. são doze. não, treze. um montão de pão de todos os tipos e tamanhos. todos fofos. taças de frutas vermelhas cobertas de chantilly. potinhos de doce de leite. queijo com muitos buracos. a Santa Ceia tá uma festa hoje.

sábado, 26 de setembro de 2009

poeminha de menina

para c.

de todos os coelhos o que eu mais quero
tem os olhos amarelos
seu amigo mais sincero
é um gato com olhos de caramelo

o coelho apareceu em um dia
repleto de margaridas
e fez o colorido da minha vida

depois o coelho de olhos amarelos fez uma canção
e no meu pulso apareceu um coração

foi assim que eu decorei os seus versos
foi assim o começo do universo

terça-feira, 22 de setembro de 2009

enchente.

o não-beijo que eu sempre quis secou minha boca. a saliva, reservada
e única para você, inundou o mundo até chegar na ponta do meu coração.
já não consigo manter os pés firmes.
porém, o que mantém as coisas espalhadas em seus lugares é o mar aberto cobrindo o seu coração também.
guardei na minha boca, seca de desejo, os versos mais bonitos que escrevi para você,
escorrendo pelo chão.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

33

Sentado no meio-fio tenho essas idéias brilhantes. Um fogo-fátuo no cérebro que endoidece minha mãe, por isso não entro. Levei o lixo para fora e fiquei ali sentado até ela descobrir minha escapada estratégica. Essas idéias que me veem a cabeça são como como lava saindo do vulcão. E ela a chuva torrencial que tudo apaga. Meu olhar atravessa a rua e eu conto 3 guarda-chuvas vermelhos. A vista das nuvens deve ser bem melhor do que daqui de baixo. Imagino que meus pés possam ter asas e, enfim, possa discorrer sobre meus livros profanos em outros ares, que não minha casa. Levanto após o grito e meu tênis acende suas luzes passo a passo. Nada mal esses tênis com luz! Olha que se eu cresço mais um pouco não acho mais meu número.

sábado, 12 de setembro de 2009

Belle Époque.

Três coccottes fumam charutos cubanos emprestados de George Sand, esfumaçam caras chocadas de damas apimentando-se, tomam seus cafés bem fortes em xícaras de porcelana chinesa, enquanto suas pernas escapam dos vestidos num murmúrio negro. Três coccottes riem em volta de uma mesa redonda, diante de três manuscritos abertos um jazz solta as tiras dos sapatos, outro assunto proibido vem à tona. Três coccottes sobem, pérolas rolarão as escadas.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

receita de coelho


Ei, me liga antes das sete, estou batendo o bolo. O rádio tá ligado e as nuvens desenham bichos de pelúcia bem brancos, feitos esse coelho que carrego nos braços todos os dias. Você nota ? Tenho os olhos iguaizinhos os dele, bem vermelhos. Não sei se é o chá de ervas ou o choro insistente antes do mar vermelho. Aliás, como é bem negro de tão vermelho, não é ? Como os olhos do coelho que carrego nos braços todos os dias, vermelho. No globo de verdades que vejo todos os dias, um líquido aminiótico rebenta a vida sangrenta. O bolo está no forno e o coelho sente o cheiro. Você vem, não é ? Tenho medo dele procriar feito coelho e a casa será deles. Alice, siga-me. O bolo está pronto e a cobertura ficou uma beleza. Me cubra, durma comigo, venha, é para você. Antes que alguém apareça e liquidifique o chão de um vermelho cego. Antes que alguém apareça e eu vá junto. E deixe um milhão de coelhos se lambuzando de bolo. E você sozinha segue quem não se deve seguir.