terça-feira, 1 de setembro de 2009

receita de coelho


Ei, me liga antes das sete, estou batendo o bolo. O rádio tá ligado e as nuvens desenham bichos de pelúcia bem brancos, feitos esse coelho que carrego nos braços todos os dias. Você nota ? Tenho os olhos iguaizinhos os dele, bem vermelhos. Não sei se é o chá de ervas ou o choro insistente antes do mar vermelho. Aliás, como é bem negro de tão vermelho, não é ? Como os olhos do coelho que carrego nos braços todos os dias, vermelho. No globo de verdades que vejo todos os dias, um líquido aminiótico rebenta a vida sangrenta. O bolo está no forno e o coelho sente o cheiro. Você vem, não é ? Tenho medo dele procriar feito coelho e a casa será deles. Alice, siga-me. O bolo está pronto e a cobertura ficou uma beleza. Me cubra, durma comigo, venha, é para você. Antes que alguém apareça e liquidifique o chão de um vermelho cego. Antes que alguém apareça e eu vá junto. E deixe um milhão de coelhos se lambuzando de bolo. E você sozinha segue quem não se deve seguir.

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