quarta-feira, 3 de abril de 2013

A areia da praia.











Jorginho morava tão longe da praia que a areia entrava miudinha em seus ouvidos, então ele sacudia a cabeça, pensando naquele zumbido de inseto pequeno. O mar ficava tão longe de sua casa quanto o fundo do céu. 
Quando Jorginho balançava a cabeça os pensamentos balançavam também. E o mundo ficava tão longe quanto a praia. Ali, na beirada do desconhecido, a orla colorida onde banhistas de unhas pintadas pisavam com cuidado, como se tivessem de salto alto, atordoadas de beleza. 
Era o que Jorginho ouviu falar, mas seu ouvido estava trancado e ele não tinha certeza. Seu olhar alcançava bem mais longe, depois dos desfiladeiros, onde os pensamentos chacoalhados iriam param. Dessas coisas que mal se ouve falar os pensamentos entendem bem. E a praia ficava distante, coberta de redes de pescadores, cheias de mulheres peixes, onde os nadadores olímpicos vão parar depois de beijarem medalhas e sereias douradas.