quinta-feira, 25 de agosto de 2011

John, Bob e a Televisão.


A televisão ficava num galpão, do lado de onde ficavam as vacas. E você tinha que caminhar um bocado para ver alguns programas, alguns programas porque nem todos eram permitidos pelo meu pai, dado a livros e revistas geográficas universais. Traços pelos quais fomos apanhados, em uma rede invisível e brilhosa. No galpão do lado das vacas tinha uma pintura de dois homens de terno e gravata e eu falava para os meus amigos ' meu pai e meu tio', mas para falar bem a verdade não sabia quem era, eram dois homens e eu bem podia dizer que era qualquer um, os mais conhecidos. Não tinha graça mesmo essa televisão e a parte mais legal era seguir as vacas depois para o pasto. Fuçando trinta anos depois, descubro a pintura desbotada em um canto qualquer e vou até o meu pai, um tanto intrigada :
" Pai, por que diabos tinha uma pintura do John e do Bob Kennedy no galpão da televisão ?"
" porque era o galpão da televisão!"

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A soleira da porta.




Ele arrebenta minha cara quando chega. Eu tinha comprado o perfume, o pijama, os copos azuis, balas, baixado filmes, comprado congelados, escrito o nome dele nos vãos da porta, nas folhas das plantas, no cinzeiro, na lente do meu óculos, na borra do café, no sabonete, nos relógio de parede, atrás do meu joelho. E ele arrebentou minha cara quando chegou. Eu não estou mais em casa, nem no mundo escrevendo. Maldigo o dia que ele não me encontra sentada na soleira da porta de sapatos novos. E arrebenta minha cara de desprezo.

sábado, 6 de agosto de 2011

o buraco do olho




cortei fora a pele elástica feito material de linha esportiva datada 76 guerra-fria seus olhos frouxos brilharam tanta verdade que explodiram em supernova e de lá para cá só luz mas nada existe igual minha pele sem pele minha pele caindo seus olhos brilhando brilhando brilhando felizes mas desapareceram no buraco negro sugando sem fim sem fim sem fim sem fim sem fim sem fim sem fim sem fim sem fim sem fim sem fim sem fim sem fim sem fim sem fim sem fim sem fim fim.