Casas com bordas de plásticos resistentes, anti-choque, anti-gente, anti-gatos, e varandas com grades brilhantes, suspendem no ar. O oxigênio espesso invade os tapetes de milímetros a mais e alguns pulmões resistentes, anti-sujeira, anti-gatos, anti- inferioridade, adornam pés descansados, afoitos por maciez sem importância, visíveis só lá de dentro. Embaixo das varandas suspensas, tapadas por flores holográficas de beleza só visível por aqueles que se escondem por trás, uma multidão olha para cima. É hora do almoço. Gatos famintos miam e se arranham entre o empurra-empurra nos seus melhores dias. A multidão aprendeu a ficar em silêncio, o som é do atrito de roupas, de solados gastos, se arrastando há anos. Mr. Doctor, Mrs. Doctor e Little Child esperam o momento mais divertido do dia – a distribuição. Uma fileira de casas se estende por quilômetros a perder de vista, todas emergem ao céu, colorindo a visão para cima, preta como carvão. São pontos de imensidão dourada, mas é melhor nem pensar sobre isso. Não há beleza quando se olha de baixo. A multidão se alvoroça sigilosa, enquanto em alguns minutos, os moradores das nuvens suspensas devem terminar as refeições e aparecer como anjos de asas carregadas e murchas. Na hora que eles quiserem, a obrigação por lei, entre meio-dia e duas da tarde, é que qualquer sobra deve ser dada a multidão. È obrigado sobrar, mas não tem importância nenhuma a quantia. É obrigado ao membro da casa suspensa ser ele mesmo o prestador do serviço, questão de bondade. E também de prazer, mas é melhor nem pensar sobre isso. Os animais do chão, humanos ou não, apreenderam o momento e a chuva de restos vai começar.
2 comentários:
se vcs pensam que nois fomos embora..nois enganamo voceis..
fingimo que fomo e vortemo..
òi nois aqui tra veis
Demais esse Rodri! Adorei
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