Cansado, enrolado em bitucas de um cigarro vagabundo, enlameado por copos vazios, uma sujeira incandescente vagando pelos cantos. Silvio estava cansado. Cansado de procurar o começo do livro, perseguido por ruas escuras de uma vida sem saída. Foi quando teve a derradeira ideia - colocar fogo sobre o edifício que se sustentava ao seu lado. A madeira velha, o telhado antigo, as janelas pintadas de branco, disfarçando decadência e sonos mal dormidos. Silvio se levanta da cadeira, fuma sem parar e joga com as brasas de tiros alaranjados. Homem sem pena. Colocar fogo sobre aqueles que não o conhecem, os disfarçados, as cortinas cerradas, os cegos que não podem ler, a sua história que não ele não consegue contar. Silvio atira fogo pela janela, um bombardeio de fumaça e ficção. Os bombeiros foram chamados às quatro e treze da manhã, as labaredas já lambiam o céu estrelado. Silvio começou a escrever um livro - amanhecendo sobre a luz que brota de restos.
Um comentário:
Gostei. Tem os estranhamentos necessarios. E essa quantidade de " esses " (s) significa que o plural de bom pode ser o seu inicio. Bjs
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