segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

O peixe de olhos esbugalhados.









Notou um brilho na ponta de seus cabelos, pareciam cobertos de geleia de laranja. Mantinha as mãos nos bolsos, disse que não queria café, não queria comer e não tinha sede, só sentia frio. Paulo nada notava, a esposa sempre foi assim, uma floresta inóspita cheia de mistérios e bichos arredios. 
Laura perdeu a aliança enquanto as ondas batiam em suas costas. Ninguém consegue manter a mão no bolso por tanto tempo. Também não faz tanto frio assim no verão, nem se consegue viver para sempre de amor, a casa pede a mesa posta, os alicerces seguros e rumores serenos.
No começo do inverno um peixe de olhos esbugalhados engoliu um anel de ouro.
Paulo quebrou um dente ao sair para jantar.

















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