A janela do meu quarto é baixa e, mesmo que fosse alta, ele não liga. Salta com a gordura balançando e a destreza dos sábios. Júlio tem ares olímpicos. A janela fica aberta, mesmo com esse frio, só para ele entrar. Todo dia ele me traz um passarinho morto. Morto. Eu não consigo explicar a minha dor, a dor das coisas mortas, das penas se soltando, do peito azul. Outro dia um bem pequeno ainda teve tempo de se debater sobre o edredom da cor do céu, no meu peito. Ele ainda olhou para mim, com esse olhar que só os gatos têm. Estava me olhando e tentando me explicar cada presente. "Um dia ainda te trago um canarinho cantando pela última vez e você vai entender o tamanho do meu amor ".
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