domingo, 4 de dezembro de 2011

Cap. MMXVII


logo após a febre

( NOTA DO AUTOR : capítulo dedicado aos leitores de línguas afiadas )


Um leve sopro me acompanhava. Ou era um vento. Ah sim, uma lembrança. Não consigo saber ao certo, o caminho está entulhado e eu tenho que desviar de tudo. Uma águia dá um rasante desviando um cume de lixo e eu penso que há tempos não via aquilo. Em 2017 as coisas não tinham mais nomes, alguns anos antes já não tinham...

"dê você a minha lembrança o nome mais cruel que possa lembrar"

Eu tinha que chegar onde o Homem vendia carnes e objetos pontiagudos. Não me interessava a origem e o motivo Dele estar aqui. Virei a esquina e dei de cara com outros ateando fogo a roupas e também não dei bola ao que vejo todo dia. A porta vermelha inconfundível, as portas do Atirador de Facas.

Que se dane se meu peito está aberto, amarrado feito um lixo lá no alto do monte. Vim mostrar minha dor. Todo dia é a mesma coisa, um quilo e meio de fígado cortado bem fino, as minhas entranhas...

"Está aqui, um quilo e meio de bife cortado fino, Prometeu!"

Todo Deus tem seus dias de açougueiro.





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