Ela cravou seus olhos nele. Aquele olhar de pedras escondidas em sarcófagos desconhecidos. Um olhar de milhões de anos. Logo, ele não sabia nada do que significava tudo isso. Nem o esgar. Nem o desconforto. Nem o silêncio do gesto. De todas as expressões que sucedem o fim, a calma se torna a mais fatídica de todas. E não há choro, não há gritos, não há nenhum rumo a seguir. O que ele sabia, no entanto, era que tudo fenecia. E sua vontade de algumas semanas atrás de cavar fundo no interior dela para chegar em alguma verdade, se esvaiu feito uma casca de caracol sendo esmagada por pés bem firmes. Ela tinha se abrigado em lugares inalcançáveis, onde nenhum homem seria capaz de chegar. Um lugar onde o alívio não está. A beleza não chega. E, ora, nenhum coração pode superar tamanha solidão.
Foi então quando ele entendeu.
E ela seguiu feito uma lesma com aquele rastro prateado e viscoso, mas decidido. Não se sabe quando ela chegará ao fundo do labirinto, mas isso não interessa mais a ele. Talvez, daqui outros milhões de anos, um arqueólogo cansado tirará a pedra certa e os olhos ofuscados dela descubram uma luz que alguém poderá titular como o novo sentimento humano.
Outra hora chamado erroneamente de amor.
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