terça-feira, 4 de maio de 2010

Céu

J. estampa um 10 atrás da camisa, do qual sente um certo apreço que ainda não sabe o que quer dizer. Essas humildades que so concernem aos canhotas de passes longos e certeiros. Doze meninos vestindo uniformes brancos e marcados de lutas anteriores. Um será reserva, mas acalentado pelos mistérios do capitão meia-armador de passes longos e certeiros. Sentado no banquinho, fora do aquecimento, o reserva J2 guarda no peito a chuteira sem esperanças e um olhar de rancor, mas J. sorri e acena do campo. J2 retribui. O que nos leva a crer em certa unidade.
O time adversário, com asas negras desenhadas nas costas, tem o temido atacante D. Imarcável, porém apenas quase absoluto. Antes de entrar em campo, J. chama P. e cobra dele um pouco mais de coragem, mesmo sabendo que ele poderá a qualquer momento titubear e desperdiçar seus passes.
No campo de terra batida adornado por um belíssimo rio de águas no qual as bolas sempre vão parar, batizando os uniformes com a água das chuvas, a tal decisão poderá começar.
J. ganhou o cara e coroa e irá sair com a bola. Um olhar cínico penetra no campo e vem de D. que quer a glória de todos só nas sua chuteiras vermelhas.
J. tudo irá começar e passa a bola para A. que arranca em velocidade inteceptado por um dos asas negras.
A primeira falta do jogo, J. manda John bater, o outro meio-campo de faces plácidas e o protegido maior de J., John será guardado em proteção pelo resto dos seus jogos.
E esse jogo assim que parece tão importante segue em vias de fato, poças e uniformes despretensiosos. Um faz falta aqui e outro faz falta ali. Sem goleada, sem decisão. Tudo será decidido tempos depois, quando tudo puder ser transmitido e narrado.
O que todos já tinham percebido, nas arquibancadas improvisadas, com mãe aflitas e santificadas, era que J. esteve sempre certo. Que todos são só crianças assustadas. E que assim devem ser respeitados. Jogadores, torcida e juízes. Nas suas vestes emblemáticas.
Quando J2 entrou e cometeu o penalty fatal J. já estava preparado e quando P. perdeu três gols cara a cara baixando o rosto para J. ele também já estava preparado. Tudo em pró da competição maior por vir, pois sempre soube de antemão que tudo são só partidas a serem jogadas. E que se todos o seguissem, a vida também poderá ser jogada.

4 comentários:

Besouro Suco disse...

Em epoca de copa, futebol na veia e literatura no coraçao!

BESOURO SUCO (3x) disse...

Em epoca de copa, futebol em baixa e literatura no coracao.

BESOURO SUCO disse...

Em epoca de copa, futebol e literatura no coraçao!

Rodriane DL disse...

No meu caso, futebol e literatura no coração ever. hehe