terça-feira, 20 de abril de 2010
" Já não se sonha mais com a flor azul "
Veja bem, eu andei uns cinco quilometros para comprar as ditas "flores azuis e pequenas como brincos" que você tanto disse que queria. Andei com rumo e ansiedade, calcado no momento de ver sua alegria. Andei como só andam os andarilhos atrás de um lugar que não existe. Não estou cobrando nada, pois aqueles infinitos quilometros me bastaram preenchendo minhas lacunas de melancolia. A euforia de um suposto amor. A euforia de um coração disparado de maratonista sem medalha. Trouxa. Quem em sã consciência corre sabendo que vai perder ? Só os apaixonados. Só os esperançosos. Os bobões. Voltando com flores azuis pequenas como brincos nas mãos cuidadosas, protegendo toda aquela fragilidade de um sol escaldante que queima sua têmpora suada, protegendo o improtegível. O amor renegado e azul, pequeno como brincos. Veja bem, não estou cobrando nada, mas pelo andar do relógio você não vem mais. Pelo meu ritmo cardíaco você não vem mais. Eu deveria jogá-las pela janela - seria o mais correto- mas há uma beleza infinita pairando sob meus pés com calos.
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