Os meninos estão sozinhos em casa. Aquela fumaça de calor sobe do piso lá fora formando figuras fantasmagóricas que se esvaem com pensamentos bons. Embora ele seja um ano mais velho é bem menor que o irmão, mas seus braços cresceram tanto... O dedo do riste encosta na água morna e azul. O reflexo dá o tempo necessário para o drible antes do empurrão. Agora, eles correm em volta dela. A recomendação é que não se atrevam a desobedecer a ordem de não entrar na piscina sem os adultos em casa. Faz 36°, ora bolas. O maior pulou dentro e espalhou desobediências por toda a borda azulejada. O menor riu e correu para dentro buscar o jacaré vermelho, o macarrão vermelho, os óculos de mergulho rachados. Voltou batendo o recorde mundial dos 100 m rasos. E corria. E corria. E corria contornando o retângulo perfeito no qual entraria e aplacaria a dor do verão. Os olhos fechados de menino que corria. Depois de não-sei- quantas-voltas rodopiou preparando o pulo com todas aquelas coisas vermelhas na mão e os olhos embaçados. Porém, um átimo antes do salto o pensamento bom expirou e a imagem era fosca e azulada. Os meninos estão sozinhos em casa. O objetos avermelhados ficaram pesados e não deixavam ele imergir também. Ele tentou erguer o irmão lá do fundo, mas sentiu o peso de ser o mais velho, um sufoco no pulmão esclareceu que deveria ter dado menos voltas e deixou-se afogar também.
4 comentários:
como é este negócio de ter gosto de caramelo?
e quebrável mais é uma xícara sem a asa?
abraços curitibanescos.
não, são milhões de caquinhos.
e isso de caramelo é fel na parte da língua que reconhece o doce. dá uma amenizada.
reconheço tanto que senti o gosto de morangos mofados na ponta da língua.
reações: dolorido
Postar um comentário