Lucio tinha um terno bem cortado, uma gravata cinza mal colocada, a etiqueta aparecendo e não era pouco. Um Versace legítimo. Não sei se Lucio tem essa noção. Não sei se eu tenho noção. Para um garoto é um tanto estranho, mas as coisas são assim... Um chá na volta, uma passadinha no analista, um desencontro com a mãe. Todo dia. Trocando o número do sapato bem lustrado seria um homem. Teria um trabalho em vez da escola e, talvez, mais amigos. Lucio desce em passos lentos. Para que tantas escadas adornados em ilegítimos arcos de ouro ? Lucio queria um chocolate. Um bem simples. Não aqueles de embalagens tão estranhas que parecem rótulos de bebidas alcoolicas. Um bem simples. Lucio abre a porta tão devagar que eu penso que ele está fraco, mas não... a porta só é pesada para o tamanho dele. Quando ele sai eu não escuto nada, mas só lembro que ele é um menino porque ele meteu um boné na cabeça.
Um comentário:
é, todo dia um desencontro com a mãe.
vc é otima!
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