domingo, 7 de junho de 2009

Cherry Coke

Georgia tira os pés para fora da limosine, adornados por salto 15, seus olhos latejam em cima de Luana, virando um copo. As luzes são cegas, Las vegas em blackout, com festa, sem siso. As casas passam correndo diante da visão dublê caído. Vãos negros entre elas cheios de uma pequena sujeira. O carro pára. Georgia desce sem mangas, sem saia, sem norte. Entre a negritude das vielas, o branco dessas pernas parece fio-dental passando entre os dentes. Luana corre atrás, sem saber o porquê. Nem que saiba, somos alheios, feito ela. As pernas, todas elas, titubeiam perto de poças de cristal líquido. São aqueles olhos que veem brilhantes. As pílulas boiando no champagne fazem agora efeito. Georgia não dança. Seus pés dão a volta na lama, deixando um rastro de lesma. Vírgula, corpos angulares. Luana deita em cima dela. Milhões de buracos de fechaduras giram a chave e espiam assustados. A limosine é multada. Elas riem.