domingo, 6 de fevereiro de 2011

jantinha


se eu dei colheradas nesse gororoba que chamam amor
por que perco meu tempo reclamando do amargor ?
se agora sofro de indigestão
consciência pesada, cicatriz, adivinhação
eu fui bem avisada por almas perfeitas
que comem na fina de nobres receitas
"não se envolva nesse impasse,
viva para comer só alface".

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Hollywood-Sp





deitada em um colchão novo com neve encarnada retirado de sua cama agora tatame vi seu dorso pela fresta da porta a pentear o cabelo liso descendo pelas costas nuas pintadas com bolinhas feitas com a mais fina pictomelanina em versos que desciam pelas minhas pernas encolhidas pela negativa constante de um sentimento malfadado a simples olhares por vielas estreitas que mesmo assim explode em bilheterias de um amor arrasa-quarteirão

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Himalaia




Para mim só há uma parâmetro da felicidade descomunal, lisérgica,
épica, única mão de Deus no mundo -
aquela que só você poderia ter proporcionado.
Foi você que espelhou o amor.

E eu me resignei com a neve sobe meus pés,
feliz de ter vislumbrado o que poderia ter sido.
Ciente do frio, da dor e da existência.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Visita



Tenho ossos e veias aparecendo. Um olhar amanhecendo atordoado, anoitecendo contra o sol.
Sei de tudo o que acontece, carros que colidem na rua e mãos que seguram seu copo.
O tempo nada apaga quando a memória é vingativa.
Eu seria feliz se tivesse ainda passos que chegam pelo corredores, enquanto coloco comida no seu prato.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

bomboniere


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As crianças chacoalham os dedos grudados na salada de planta carnívora, adubando a samambaia pendurado bem acima da tv tela plana estatelada na parede, mas as plantinhas carnívoras não são lá muito vegans e detestam samambaias, seus dentes não grudam e caem esturricadas no chão, comendo ácaros.
As crianças não estão nem aí para esse tipo de refeição.
As crianças esperam as pipocas invisíveis que estouram em qualquer canto assustando o avô.
É de repente e pum pum paf pum.
As crianças estão lambendo um pirulito que mais parece o super-homem girando o planeta ao contrário.
As crianças ligam para o delivery e pedem que Ele entregue os dadinhos do universo, meia hora para a entrega ou ninguém paga nada.
Aqui as crianças é que mandam, e só dá doce.
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domingo, 14 de novembro de 2010

Destino

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duas penélopes sem vida bordam tecidos pretos como carvão.
no portal sem escolhas todos chegam e seus olhares baixos de vigias
cansadas despencam bolas de gude que se espatifam no chão.
ninguém está interessado. os céus se foram e só há um limite para tanta exaustão.
em ilhas distantes o momento de enrolar linhas nos dedos
é anunciado por disparos de canhão.
a confecção intermitente das mortalhas começou sem
questionamento, lantejoulas ou indecisão.
de que adiantou tantos cantos se o caminho traçado era incerto
como a espera por uma previsão :
de uma moça amaldiçoada e duas outras que esperam com agulhas nas mãos ?
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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Leitura


Você que é feita de espumas, gatos e soda-limão,
onde espreita seu sono, em ondas de imaginação ?
O que cresce na sua janela, gigantes com pés de feijão ?
Você que é de sonhos, goiaba ou balão,
já olhou nos olhos do livro e sentiu solidão ?