quinta-feira, 25 de novembro de 2010

bomboniere


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As crianças chacoalham os dedos grudados na salada de planta carnívora, adubando a samambaia pendurado bem acima da tv tela plana estatelada na parede, mas as plantinhas carnívoras não são lá muito vegans e detestam samambaias, seus dentes não grudam e caem esturricadas no chão, comendo ácaros.
As crianças não estão nem aí para esse tipo de refeição.
As crianças esperam as pipocas invisíveis que estouram em qualquer canto assustando o avô.
É de repente e pum pum paf pum.
As crianças estão lambendo um pirulito que mais parece o super-homem girando o planeta ao contrário.
As crianças ligam para o delivery e pedem que Ele entregue os dadinhos do universo, meia hora para a entrega ou ninguém paga nada.
Aqui as crianças é que mandam, e só dá doce.
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domingo, 14 de novembro de 2010

Destino

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duas penélopes sem vida bordam tecidos pretos como carvão.
no portal sem escolhas todos chegam e seus olhares baixos de vigias
cansadas despencam bolas de gude que se espatifam no chão.
ninguém está interessado. os céus se foram e só há um limite para tanta exaustão.
em ilhas distantes o momento de enrolar linhas nos dedos
é anunciado por disparos de canhão.
a confecção intermitente das mortalhas começou sem
questionamento, lantejoulas ou indecisão.
de que adiantou tantos cantos se o caminho traçado era incerto
como a espera por uma previsão :
de uma moça amaldiçoada e duas outras que esperam com agulhas nas mãos ?
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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Leitura


Você que é feita de espumas, gatos e soda-limão,
onde espreita seu sono, em ondas de imaginação ?
O que cresce na sua janela, gigantes com pés de feijão ?
Você que é de sonhos, goiaba ou balão,
já olhou nos olhos do livro e sentiu solidão ?