quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

amanhã

tenho vontade de segurar seu pescoço até você sufocar

até as minhas digitais ofuscarem as suas pintas
até você sentir a intenção exata dos meus dedos
até você entender o quanto admiro e quero arrancar seu cérebro por pura inveja
até o mundo girar a sua volta
até Ele voltar a falar comigo
até meu medo desaparecer
até o seu medo passar
até a minha mão afrouxar porque no fundo te matar em mim é uma besteira

até você me olhar de verdade pela primeira vez na sua vida

domingo, 24 de janeiro de 2010

você escrevendo nos livros





lembro das suas dedicatórias tatuadas nas páginas brancas, que antes pareciam desfalecidas...
... são brasas de ferro e fogo queimando meus dedos envelhecidos.
o que você escreve não se diz e só Deus, na sua infinita bondade, entende mesmo assim a saudade que eu sinto.

( e quando eu penso ter chegado na última palavra, você volta e reescreve tudo )

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

A casa.

Tudo finda. Um coração jogado no lixo, apodrecendo entre espinhas de peixe e camisas ensanguentadas. Um lar bem decorado e o cachorro envelhecendo cego. Tudo finda. O cheiro do incenso misturado ao cheiro do sexo perturbado. Tudo finda. O livro esquecido, o leite derramado. Tudo finda, minha cara.
Até o grande final, em um campo de margaridas incineradas, explodindo em ilusões fétidas.