domingo, 13 de novembro de 2016

A morte de Brasília




Vimos Brasília logo no início dos tempos - como os olhos de urubu na carniça, logo que o arquiteto desceu com seus olhos - esse não só olhos, mas o brilho - eu dizia, vimos Brasília logo no início como vêem os urubus, pois destroços. Destroços de corpos arruinados, a cidade era ruína, eu ia dizendo. Construída já ruína, arquitetada com o calor dos desertos dos trópicos. Brasília era areia. Moveu-se movediça através das histórias. Assim como os urubus, o traço da linha no papel, avião paperplane pegando fogo. O fogo dos trópicos, a desértica cidade perdida, arquitetura-arqueologia. As pessoas que lá estão, são elas os urubus e os nossos olhos. Nós, pássaros, pássaro, nós jamais voamos por sobre Brasília, pois de força bruta jamais se pisa e voa um sonho bom sobre Brasília. Eu ia dizendo o belo desenho, e ficou feio como um urubu sobrevoando a morte.

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