segunda-feira, 26 de setembro de 2011

para as luzes amarelo-cinzentas


D. fechou a porta e deixou atrás o som de cem mil trancas. Não estava irritado com tudo, nem tinha a verve dos maus pensamentos, mas essa solidão que voltar das ruas lotadas infringiam nele deixavam esse rastro. Sentia o hálito das entradas das casas e os vidros das janelas que esfumaçavam pessoas. Já havia notado que S. havia chegado. O frêmito voltava e arqueava suas costas. As decisões - elas pediam para serem tomadas, velozes como patins no gelo. Chegou na ante-sala e olhou para a mesa onde uma xícara ainda cheia de chá repousava sozinha, deixando a sensação de ter sido esquecida às pressas. Viu também M. passar com uma cesta de frutas adocicadas pela porta, sem notá-lo, como costume. Pensou como seria esmaecer no amarelo-cinzento das luzes da noite e sair dali sem precisar contar o inevitável. "Querida S., amar é para os leigos".

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