segunda-feira, 31 de maio de 2010

ato

.uma chávena de líquidos esbranquiçados como açúcares neon.
.o jorro incandescente ativando um átimo de sensação big-bang que corre.
.são erros acertando um em não-sei-quantos milhões.
.buraco negro sugando a sua volta o teto de estrelas em fino desdém.
.mas lástimo só o momento esgar de expansão.
.nunca soube onde vai chegar mais fundo.
.pois a lembrança se espatifou.
.só sobrou um laço azul, um lenço vermelho e a podridão.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Espera

.Abelhas que produzem ao gosto do freguês. Você arde ao mascar favas de mel azedo.
.Gêmeos plantam suas fotos em campos de Jazz.
.Você está surda com as ondas sonoras arrebentando no seu ouvido.
.Um barulho de botas de cowboy na calçada. Você tropeça nas próprias palavras.
.Um tremor no seu coração pelos cantos.
.Ela chega e joga cinzas de orações na sua cara.

terça-feira, 25 de maio de 2010

com os gatos

Você pressiona os olhos, um castanho e o outro áspero. Ouvi seu esgar de voz rouca e ninguém assinalou nenhum som que mudasse a rota do planeta, feito uma mente genial em posição de ataque, conduzindo teorias, filmes e poemas extraordinários. Peça, sim, licença pelas artimanhas, pois perdões não aumentam o sentimento mais perdido e incauto.
A sua sinceridade fosca flecha gatos no coração, enquanto eles andam com elegância e peito aberto, procurando amor e espinhas de peixe em latas de lixo adornadas de diamantes falsos. Não se engane, ninguém cogita tamanha busca por becos escuros e vielas.

Seja ainda assim, cruel. Porque não aconselho ninguém a se desfazer de tudo o que ainda lhe sobra.

terça-feira, 18 de maio de 2010

bolinhas de gude dentro dos livros.

Levei duas horas para entender. Ele ficou falando nuns lances de bolinhas de gude caindo pelas escadas dos colégio, enquanto eu mantinha um sorriso no canto dos lábios porque aquilo foi ficando bem engraçado. Cada pessoa que descia a escada ele descrevia o tipo do tombo. Um coitado que descia com um Big de um sanduíche nas mãos teve seus olhos adornados por óculos de cebola. E aquela conversa de louco no intervalo me deixou com hematomas de tanto rir. Não é legal ? Quando você fala "hematoma" pensa em algo ruim, mas quando você fala " hematomas de tanto rir" você transforma a palavra. Os quinze minutos com Seth eram isso : transformação.
Um tanto de waffles de chocolate e ataques de risos.
Perguntei para o Seth se a gente não perdia muito tempo só na bobagem e ele me disse que eram só "momentos chantilly".
Duas horas depois a gente tava na biblioteca e os livros eram todos lindos.

sábado, 15 de maio de 2010

Caminho

Observando ao seu lado a sombra que se faz, declaro assim, aberta minha sinceridade sem piedade. O fogo não aquece nem o que alimentará, nem seus vãos, muito menos suas mãos de veias roxas e saltadas. Somos assim, filhos do Homem, ao qual tudo retornará. Esperamos assim sentados, com marcas negras cravadas na pedra por anos que logo passarão e no dia que você tiver a oportunidade, diga a Ele :
" Eu trouxe tudo o que Você me deu. Um tanto de dúvida. E mesmo agora, não sei onde estou. "

terça-feira, 4 de maio de 2010

Céu

J. estampa um 10 atrás da camisa, do qual sente um certo apreço que ainda não sabe o que quer dizer. Essas humildades que so concernem aos canhotas de passes longos e certeiros. Doze meninos vestindo uniformes brancos e marcados de lutas anteriores. Um será reserva, mas acalentado pelos mistérios do capitão meia-armador de passes longos e certeiros. Sentado no banquinho, fora do aquecimento, o reserva J2 guarda no peito a chuteira sem esperanças e um olhar de rancor, mas J. sorri e acena do campo. J2 retribui. O que nos leva a crer em certa unidade.
O time adversário, com asas negras desenhadas nas costas, tem o temido atacante D. Imarcável, porém apenas quase absoluto. Antes de entrar em campo, J. chama P. e cobra dele um pouco mais de coragem, mesmo sabendo que ele poderá a qualquer momento titubear e desperdiçar seus passes.
No campo de terra batida adornado por um belíssimo rio de águas no qual as bolas sempre vão parar, batizando os uniformes com a água das chuvas, a tal decisão poderá começar.
J. ganhou o cara e coroa e irá sair com a bola. Um olhar cínico penetra no campo e vem de D. que quer a glória de todos só nas sua chuteiras vermelhas.
J. tudo irá começar e passa a bola para A. que arranca em velocidade inteceptado por um dos asas negras.
A primeira falta do jogo, J. manda John bater, o outro meio-campo de faces plácidas e o protegido maior de J., John será guardado em proteção pelo resto dos seus jogos.
E esse jogo assim que parece tão importante segue em vias de fato, poças e uniformes despretensiosos. Um faz falta aqui e outro faz falta ali. Sem goleada, sem decisão. Tudo será decidido tempos depois, quando tudo puder ser transmitido e narrado.
O que todos já tinham percebido, nas arquibancadas improvisadas, com mãe aflitas e santificadas, era que J. esteve sempre certo. Que todos são só crianças assustadas. E que assim devem ser respeitados. Jogadores, torcida e juízes. Nas suas vestes emblemáticas.
Quando J2 entrou e cometeu o penalty fatal J. já estava preparado e quando P. perdeu três gols cara a cara baixando o rosto para J. ele também já estava preparado. Tudo em pró da competição maior por vir, pois sempre soube de antemão que tudo são só partidas a serem jogadas. E que se todos o seguissem, a vida também poderá ser jogada.